São Paulo, primeira metade da década de 90. Surge uma pedra no meio do caminho. O crack está espalhado pelo centro e pelas periferias, modificando o panorama do comércio e do uso de drogas ilegais. Para os usuários, a velocidade do mundo se acelera: o efeito é rápido e explosivo, e o sequestro do cotidiano é implacável. Para a cidade, o extenso vocabulário do submundo ganha novas entradas: uma cracolândia produzindo legiões de zumbis, que se deslocam por cenários pós-apocalípticos. Para Ricá, a entrega da rotina ao automatismo de baixo custo da pedra é uma experiência abortada, uma simples lembrança. Mas, vinte anos depois, as reverberações vêm à tona de forma avassaladora, e ele se vê obrigado a mergulhar nos escombros da memória para reconstituir sua idade da pedra. Quando tudo o que fazia obedecia à dicotomia do descolar-e-usar, quando o valor de uma mercadoria era medido por sua capacidade de se converter em pedrinhas amareladas embrulhadas em papel alumínio. Quando o que determinava suas ações era a dinâmica da evaporação daqueles pequenos corpos sólidos.
existe e está aqui e então acaba
R$14,90Após passar o Réveillon no Rio de Janeiro, um professor de literatura viaja para uma pequena cidade do agreste pernambucano para visitar um amigo e dar um curso sobre literatura clássica. Intrigado pela história da região e pela família do amigo, o professor inicia uma busca pelas origens da cidade.
O livro é uma viagem de transformação desse narrador a partir do mergulho no desconhecido do próprio país, um percurso de exílios, voluntários ou não, conectando os primórdios da literatura ocidental com os territórios perdidos do sertão brasileiro.
“Pequenos Exílios” é uma coleção de relatos ficcionais de viagem, elaborados por escritores que possuem em suas trajetórias uma experiência radical em solo estrangeiro.
As cartografias destes pequenos desaparecimentos ecoam a proximidade entre viagem e literatura de toda uma vasta genealogia de escritores aventureiros. Entre legados e pressentimentos, estes “Exílios” acolhem o testemunho da alteridade e do desamparo, da vertigem e do desenraizamento, de um continente que constitui sujeitos e identidades mais assentados nas polifonias da estrada que nos costumes da terra.
“Pequenos Exílios” é um manifesto não escrito de gêneros transnacionais. É um atestado de pertença ao desassossego e de recusa a endogamias artísticas.
A trama de idiomas outros na textura da língua mãe.
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