Numa cidade apinhada de prédios, Insônia (menção honrosa no Prêmio Sesc de Literatura) proporciona encontros furtivos nas janelas dos apartamentos. E, no relance desses olhares, histórias se constroem e expõem o que há de mais obscuro nas noites em claro. Num prédio em que ninguém dorme, a ausência do sono proporciona concretude aos sonhos mais estranhos. Tal qual a lógica de um edifício, os enredos de Insônia se superpõem numa armação de intrigas que tem como base o cotidiano de pessoas que vivem juntas, mas não se conhecem. E é no sutil encontro que existe em estar vendo e ser visto que essas histórias se cruzam e proporcionam concretude à madrugada de nossos medos.
Banho-maria
R$9,90Nas águas de Ver navios (2007), este livro acolhe a mesma diversidade de formas breves. Os escritos (ao autor repugna a palavra “textos”) vão desde contos e crônicas, passando por poemas piadas ou poemas em prosa, até poemas tout court, sem prosa. O diálogo com Ver navios não é apenas genérico. Assim, “Fantasia coral” replica “A truta” schubertiana do outro livro…
O que talvez não se reproduz inteiramente é o estado de espírito do eu lírico-narrativo. À semelhança do primo mais velho…
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