Jota

Da mesma forma como os desenhos espaciais ou as regras do futebol permitem que uma coreografia de dança e o jogo aconteçam de forma mais fluente e criativa, também as restrições narrativas – por paradoxal que pareça – atuam de maneira a incrementar o texto ficcional. Quando criam-se limitações formais, como suprimir os adjetivos, variar os focos narrativos, incluir aliterações etc., o autor se vê obrigado a pensar seu texto antes pelo discurso e pela construção do que pelo tema. Assim, o assunto vai surgindo a partir destas configurações formais, surpreendendo o próprio autor, que não esperava jamais falar sobre aquilo e se vê tirando coelhos da cartola, ases da manga, palavras de um dicionário que carrega, mas que desconhece.

A forma é como um “saca-rolhas” que extrai novidades e recursos desconhecidos do imaginário dos autores e dos leitores. Se nos tornarmos dependentes exclusivamente das ideias para criar ficção, rapidamente nos veremos exauridos pelo esforço inútil, pela repetição cansativa e pela mornidão de uma interioridade por demais sabida.

O selo Jota, coordenado pela escritora e crítica literária Noemi Jaffe, pretende brincar com as possibilidades criativas de autores novos e não tão novos, oferecendo desafios formais, com os quais eles elaboram séries de narrativas curtas.

Além de Flavio Cafiero (autor de O frio aqui fora e Dez centímetros acima do chão, ambos publicados pela Cosac Naify), estão confirmados para 2015, os escritores Samir Mesquita (autor de dois livros de microcontos, Dois Palitos e 18:30) e Ana Estaregui (contemplada pelo PROAC 2013 e autora de Chá de Jasmim, publicado pela Patuá).

A ideia original desta coleção partiu do pioneiro e consagrado Oulipo, grupo de escritores entre os quais se incluíam Italo Calvino, Raymond Queneau e Georges Perec. Oulipo é a sigla de Ouvroir Littéraire Potentielle e, entre outras coisas, brinca com a noção de potencialidade nos sentidos literário, criativo e matemático também.

Guardadas as devidas proporções e sem tanto peso no aspecto matemático, o selo Jota também quer explorar o potencial que a forma tem de criar seu conteúdo.

Continentes criando conteúdos – nossa brincadeira séria.


ilhós

R$11,90

Numa mistura um pouco estonteante de delicadeza e crueldade, entre um fundo lírico e uma prosa seca, os contos de ilhós exploram o desafio proposto para a autora: um texto dividido em duas partes, com dois personagens, cada um em uma parte. Em uma delas o personagem só vive no tempo e, na outra, o personagem só vive no espaço. É partindo dessa aparente limitação formal que a autora explora questões já presentes em seu premiado livro Sem vista para o mar (contos de fuga).

Este livro faz parte do Selo JOTA, que tem coordenação e curadoria de Noemi Jaffe. A ideia original desta coleção partiu do pioneiro e consagrado Oulipo, grupo de escritores entre os quais se incluíam Italo Calvino, Raymond Queneau e Georges Perec. Todos os livros do JOTA partem de um desafio, de restrições narrativas que, por paradoxal que pareça, atuam de maneira a incrementar o texto ficcional.

 

Nenhum olho me verá

R$11,90

Com a mesma tensão formal de seu romance Tempo de espalhar pedras, nesta novela Estevão Azevedo explora certa dialética da visão. A história narra os dilemas da escolha de um caminho científico pela filha de um pastor evangélico.

Afinal, o que é a visão? É produto objetivo da capacidade mecânica do olho, ou é fruto da revelação divina?

Estevão investiga o sentido mais valorizado da experiência humana – a visão – em uma novela que toca em um tema sobre o qual a literatura brasileira contemporânea ainda mantém silêncio: as profissões de fé evangélicas.

Este livro integra o Selo JOTA, que teve sua ideia original inspirada no pioneiro e consagrado Oulipo, grupo de escritores entre os quais se incluíam Italo Calvino, Raymond Queneau e Georges Perec. Todos os livros do JOTA partem de um desafio, de restrições narrativas que, por paradoxal que pareça, atuam de maneira a incrementar o texto ficcional. Curadoria de Noemi Jaffe.

Buracos

R$11,90

Um buraco negro. Um buraco na rua, na memória, no corpo.

Escrever sobre buracos. Esse foi o tema do desafio proposto para Ana Estaregui por Noemi Jaffe, curadora do Selo JOTA.

Em 41 diferentes versões, Estaregui leva ao limite da forma um tema aparentemente simples, mas que percorre diferentes temporalidades e culturas. Do registro epistolar ao filosófico, passando pela banalidade da publicidade e das listas, os textos aqui reunidos ganham força surpreendente através da prosa livre e fragmentária da autora.

A ideia original do Selo JOTA partiu do pioneiro e consagrado Oulipo, grupo de escritores entre os quais se incluíam Italo Calvino, Raymond Queneau e Georges Perec. Todos os livros do JOTA partem de um desafio, de restrições narrativas que, por paradoxal que pareça, atuam de maneira a incrementar o texto ficcional.

O capricórnio se aproxima

R$11,90

“Vender enciclopédias”, “trabalhar em banco”, “comer pudim de pão”, “fazer aula de violão” e, finalmente, “ser de capricórnio”. Códigos familiares para assuntos proibidos para as crianças. É percorrendo esse mapa congestionado da linguagem que o leitor vai compreendendo lentamente o enredo cheio de humor e melancolia de O capricórnio se aproxima, do carioca Flavio Cafeeiro.

Primeiro livro do Selo JOTA, que tem coordenação e curadoria de Noemi Jaffe. A ideia original desta coleção partiu do pioneiro e consagrado Oulipo, grupo de escritores entre os quais se incluíam Italo Calvino, Raymond Queneau e Georges Perec. Todos os livros do JOTA partem de um desafio, de restrições narrativas que, por paradoxal que pareça, atuam de maneira a incrementar o texto ficcional.

A linguagem como jogo e a arte como forma. Dois pressupostos que orientam este primeiro livro do JOTA e orientarão os próximos. Libertar a narrativa do lugar confortável da verossimilhança. Provocar no leitor certa desconfiança em relação aos caminhos prontos da linguagem que orientam suas vidas.