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Com o fechamento das atividades consideradas não essenciais por causa da pandemia mundial de Covid-19, da noite para o dia, leitores e editoras perderam as livrarias físicas como local de venda e compra de livros.

Assim como em outras áreas, a tecnologia se mostrou essencial – mantendo o mercado em funcionamento ­ – para diversos agentes envolvidos na cadeia do livro, entre eles: editoras, profissionais do mercado (tradutores, revisores, designers etc) e autores. Para muito além do e-commerce, o e-book se apresentou como uma injeção de ânimo no mercado. Marcelo Gioia, CEO da Bookwire no Brasil, principal distribuidora de e-books do Brasil, declarou que entre os dias 9 de março e 26 de abril, 9,5 milhões de unidades de livros digitais foram baixados. “Para se poder fazer uma comparação, em 2019 – o melhor ano em performance da Bookwire, que apresentou crescimento de 57% em faturamento em relação a 2018 – distribuímos um pouco menos que 12 milhões de unidades de e-books no ano inteiro. Cerca de 25 a 30 mil unidades todo dia. E nessa crise, em 49 ou 50 dias, foram distribuídos esses 9,5 milhões, 190 mil unidades de e-books todo dia nesse período”, disse.

… nessa crise, em 49 ou 50 dias, foram distribuídos esses 9,5 milhões, 190 mil unidades de e-books todo dia nesse período
Marcelo Gioia

Editoras independentes recorreram ao livro digital. Pesquisa promovida pela Libre (Liga Brasileira de Editores) revelou que 40% das editoras decidiu incluir novos títulos ao seu catálogo de livros digitais enquanto que 37,4% informaram que vão antecipar o lançamento de títulos, antes previstos no formato físico, somente no digital. Mas não foram apenas as pequenas que partiram com tudo para o e-book. Dos 9 lançamentos de junho no site da Companhia das Letras, 6 deles saíram exclusivamente em e-book.


Lançamentos de junho da editora Companhia das Letras.

Já a editora Todavia uniu necessidade com criatividade e lançou em e-book a coleção 2020 de ensaios sobre o atual cenário político. Nomes como Marcos Nobre e Laura Carvalho (best seller da casa) aderiram ao projeto. A mudança no mercado não foi sentida só no Brasil. Arantza Larrauri, CEO da Libranda, distribuidora de conteúdos digitais na Espanha, confirma a tendência brasileira como fenômeno mundial: “Do ponto de vista da demanda nessas semanas de confinamento, detectamos um crescimento nas vendas de livros digitais de mais de 130% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Do ponto de vista da oferta, detectamos um interesse crescente em dar o salto digital por parte dos editores que não tinham ainda começado a digitalizar seus catálogos”.

… detectamos um interesse crescente em dar o salto digital por parte dos editores que não tinham ainda começado a digitalizar seus catálogos

Arantza Larrauri

Segundo Tiago Ferro, CEO da e-galáxia, “um movimento forte como esse por parte da indústria certamente altera os hábitos dos leitores”. “Com a volta gradual do comércio, o e-book vai estar cada vez mais ao lado do impresso”, aposta Ferro.

Com a volta gradual do comércio, o e-book vai estar cada vez mais ao lado do impresso

Tiago Ferro

Fonte: pesquisa Libre e entrevista com Arantza Larrauri: Publishnews.

Imagem @pixabay

One Comment

    • Jaurês Palma

    • 4 anos ago

    Era de se esperar este comportamento do mercado editorial. Na verdade, o mercado convencional já vinha dando fortes sinais de deterioração antes mesmo da pandemia. Por outro lado, com um livro digital já publicado, percebo que é uma tendência definitiva. Meu título está vendendo bem, mas nada acontece sem estratégias de marketing digital.

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