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Donizete Galvão

Nasceu em Borda da Mata, cidade do interior de Minas Gerais. Poeta e jornalista, foi um dos mais expressivos nomes da poesia contemporânea.

Fez parte da antologia Veia Poética, que reunia poetas que estavam estreando nos anos 80. Em 1988, publicou seu primeiro livro Azul Navalha, que foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte como autor revelação e seu livro foi indicado ao Prêmio Jabuti de 1989. Morreu em São Paulo, no ano de 2014.

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Outras ruminações – 75 poetas e a poesia de Donizete Galvão

R$14,90

Esta é uma coletânea rara, feita em torno de temas essenciais à poesia: a amizade e a imortalidade. Assim, em vez de reunir poetas representativos de uma geração ou de dividi-los por regiões do país ou em movimentos artísticos, encontramos tão bem ordenada a produção de 75 poetas contemporâneos – a maioria brasileiros – apresentando o seu melhor e com uma solenidade inédita: trata-se de dialogar com os versos de 15 poemas de Donizete Galvão. O poeta que partiu na madrugada do dia 30 de janeiro de 2014, aos 58 anos, e que agora sobrevive tanto em seus versos, como renasce nos poemas desta antologia.

Em um dos seus “Ensaios” chamado “Da Amizade”, Montaigne, o famoso filósofo francês do século XVI, descreve o trabalho do muralista que pintava a grande parede de seu castelo. Dizia para que observassem que quase todo o trabalho eram arabescos que dirigiam a atenção para o tema central de sua pintura; e concluía que toda a sua obra, da vida inteira, eram os arabescos que escreveu e que levam a atenção do leitor para a ideia central: “O discurso da servidão voluntária”, ensaio de seu amigo Étienne de La Boétie.

A obra de Montaigne é caudalosa, monumental; enquanto o discurso de seu amigo possui apenas 37 páginas – e Étienne mais não fez porque morrera cedo.

Charles Sanders Peirce, matemático e semiótico norte-americano, do século XIX, defendia sermos imortais toda vez que alguém nos lesse e entendesse clara- mente nossas ideias, trazendo em pensamento a nossa visão do mundo.

Os 75 poetas desta edição também constroem arabescos voltados para os poemas de Donizete Galvão e se insurgem contra a sua morte: conversam com ele, o corporificam, o vivificam e o inesperado acontece: a poesia contemporânea derrota a morte de seu amigo poeta.

“Quem me lê me cria” – vaticina o verso de Donizete Galvão. E assim se fez nos diversos poemas, como diz Renan Nuernberger: “encontrá-lo outra/vez (Doni)/ nessa tarde/parada em/seu olhar (grave/ruminando/o mundo)”.

Esta é uma obra rara. Se não a mais completa, certamente a mais verdadeira reunião da poesia brasileira contemporânea.

LEANDRO ESTEVES e LEUSA ARAUJO