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As primeiras pessoas

ISBN: 9788563883827

“Há alguma vantagem em se narrar na primeira pessoa? Talvez. Uma delas é que a história parece ter sido escrita por alguém que não o próprio autor. Quando usamos a terceira pessoa, nos tornamos os únicos responsáveis pelo estilo, acertos e erros da história narrada.

Cesar Cardoso, de larga experiência, certamente não pensou nessa questão quando decidiu escrever os vinte e cinco contos de As primeiras pessoas. Se a escolha aconteceu ao acaso, foi seu primeiro acerto. Cada conto é uma voz narrativa diferente, tornando o livro uma polifonia vocal, que o leitor escuta enquanto lê.

(Ronaldo Correia de Brito)

(Ronaldo Correia de Brito)

“Há alguma vantagem em se narrar na primeira pessoa? Talvez. Uma delas é que a história parece ter sido escrita por alguém que não o próprio autor. Quando usamos a terceira pessoa, nos tornamos os únicos responsáveis pelo estilo, acertos e erros da história narrada.

Cesar Cardoso, de larga experiência, certamente não pensou nessa questão quando decidiu escrever os vinte e cinco contos de As primeiras pessoas. Se a escolha aconteceu ao acaso, foi seu primeiro acerto. Cada conto é uma voz narrativa diferente, tornando o livro uma polifonia vocal, que o leitor escuta enquanto lê.

Alguns esperam dos livros de contos que possuam uma atmosfera única, um mesmo diapasão narrativo da primeira à última página. Não esperem isso de As primeiras pessoas. Cesar Cardoso surpreende a cada história que narra, ou melhor dizendo, que os personagens narram por ele.

Em “Déjeuner Du Matin”, a voz que se escuta é delicada, reminiscente, com um assumido sotaque carioca. Bem diferente da voz aliciante, dissimulada e perversa de “Chororô”. Em “Eles”, a primeira pessoa narradora esbanja metáforas como ‘pude ver a lua bebendo água na vasilha do cachorro’ ou ‘socava as tristezas com muito alho e noz moscada’. É uma primeira pessoa feminina, com gosto pelo tom estranho, quase sobrenatural. Bem diferente de “Ladies First!”, em que a voz assume o deboche e a ironia, faz muitas perguntas e fala de cinema e televisão.

Ninguém neste livro sentirá o embalo da atmosfera única. Cesar Cardoso inventa modos narrativos, faz experiências como em “Bem unidos façamos”, uma sucessão de cartas engraçadas e ricas em citações, pois se trata de um autor que transita pelas várias formas da arte, mas que também é capaz de escrever com o ritmo fortemente marcado pela linguagem oral e pela música popular. Em todos os contos Cesar Cardoso imprime sua marca de narrador experiente, seguro do que é escrever bem.

O mais curioso nesse livro instigante é ler que ele foi dedicado aos netos. Com tantos experimentos e ousadias, eu o imaginava escrito por alguém bem jovem. Salve a juventude desse jovem senhor! “

(Ronaldo Correia de Brito)

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