Este livro de cartas pode ser lido como uma espécie de autobiografia da poeta carioca Ana Cristina Cesar. Em uma das cartas, a própria Ana diz que “cartas e biografias são mais arrepiantes que a literatura”, e já sugeria a sua amiga Ana Candida a publicação futura da correspondência entre as duas. Embora sem contar com seu voto e com seu veto, esta coletânea vai ao encontro de seu desejo. O período coberto é o de 1976 a 1980, e revela Ana C. na sua intimidade, com algumas das melhores amigas que fez durante a vida. Esta edição ainda contém dois áudios raros: uma aula de Ana C. na PUC-RJ e uma entrevista para o programa de rádio Café com Letra. Organização: Heloisa Buarque de Hollanda e Armando Freitas Filho. Atenção: os arquivos de áudios estão disponíveis apenas para o aplicativos de leitura em tablets e smartphones.
Casaco de astracã verde ou em busca do bonde perdido
R$14,90Famosa por suas atuações marcantes no teatro, na televisão e no cinema brasileiros, Jandira Martini nos surpreende desta vez com sua verve literária. Casaco de astracã verde ou Em busca do bonde perdido é uma obra memorável, que conduz o leitor por uma prosa autobiográfica, pelas memórias marcantes da autora, mas de uma forma nada tradicional. E que memórias! Com um texto direto, enxuto e coloquial, Jandira nos leva a um delicioso passeio por blocos carnavalescos da sua Santos natal, por flashs da infância, por momentos dramáticos, sempre num tom que mescla lembranças e bom humor na medida certa. Contundente como toda diva do teatro, Jandira se expõe, revela sua travessia por uma doença séria, mas em nenhum momento sentimos lamentações, pelo contrario, ela lança mão da mordacidade, dos deuses do teatro e nos guia por momentos hilários da sua vida, mesmo quando conta da sala de cirurgia pela qual passou. É nas situações de maior tensão, que ela se socorre, de forma sutil, com muita propriedade e na hora certa, de Molière, Machado, Wilde, Shakespeare e outros deuses da escrita. O próprio título nos conta que a obra é nada menos do que uma madeleine, isso mesmo, a do Proust. Uma leitura deliciosa e inteligente, quem sabe um futuro monólogo de teatro – torcemos por isso! Boa leitura.
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