São Paulo, primeira metade da década de 90. Surge uma pedra no meio do caminho. O crack está espalhado pelo centro e pelas periferias, modificando o panorama do comércio e do uso de drogas ilegais. Para os usuários, a velocidade do mundo se acelera: o efeito é rápido e explosivo, e o sequestro do cotidiano é implacável. Para a cidade, o extenso vocabulário do submundo ganha novas entradas: uma cracolândia produzindo legiões de zumbis, que se deslocam por cenários pós-apocalípticos. Para Ricá, a entrega da rotina ao automatismo de baixo custo da pedra é uma experiência abortada, uma simples lembrança. Mas, vinte anos depois, as reverberações vêm à tona de forma avassaladora, e ele se vê obrigado a mergulhar nos escombros da memória para reconstituir sua idade da pedra. Quando tudo o que fazia obedecia à dicotomia do descolar-e-usar, quando o valor de uma mercadoria era medido por sua capacidade de se converter em pedrinhas amareladas embrulhadas em papel alumínio. Quando o que determinava suas ações era a dinâmica da evaporação daqueles pequenos corpos sólidos.
Delegado Tobias 4 – Caso Lísias é realidade
R$0,00Quarta parte do folhetim online Delegado Tobias.
Justiça coloca um ponto final no mistério e decide: “Caso Lísias é realidade”.
Delegado Tobias comemora: “autoficção!”. Ricardo Lísias é considerado foragido.
Escritores, críticos literários e jornalistas aparecem como personagens nessa narrativa cheia de humor e mistério, que coloca em questão o próprio entendimento da criação literária neste início de século XXI.
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