São Paulo, primeira metade da década de 90. Surge uma pedra no meio do caminho. O crack está espalhado pelo centro e pelas periferias, modificando o panorama do comércio e do uso de drogas ilegais. Para os usuários, a velocidade do mundo se acelera: o efeito é rápido e explosivo, e o sequestro do cotidiano é implacável. Para a cidade, o extenso vocabulário do submundo ganha novas entradas: uma cracolândia produzindo legiões de zumbis, que se deslocam por cenários pós-apocalípticos. Para Ricá, a entrega da rotina ao automatismo de baixo custo da pedra é uma experiência abortada, uma simples lembrança. Mas, vinte anos depois, as reverberações vêm à tona de forma avassaladora, e ele se vê obrigado a mergulhar nos escombros da memória para reconstituir sua idade da pedra. Quando tudo o que fazia obedecia à dicotomia do descolar-e-usar, quando o valor de uma mercadoria era medido por sua capacidade de se converter em pedrinhas amareladas embrulhadas em papel alumínio. Quando o que determinava suas ações era a dinâmica da evaporação daqueles pequenos corpos sólidos.
Coletânea
R$40,00O que sentem, pensam e fantasiam os maiores de 50, 60, 70, 80, 90 e mais, diante da tela em branco.
“Precisamos de uma tela em branco”, decidiu o psicanalista e dramaturgo Sergio Zlotnic, em um encontro de amigos. Nascia ali o Clube dos Escritores 50 +, um espaço livre e aberto para acolher a imaginação dos escritores maiores de 50.
E o resultado dessas experiências é uma coletânea de contos, crônicas e poemas, produzidos por um grupo de velhos incríveis…
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