Encarcerado é um romance contemporâneo que se passa em dois tempos: o primeiro em 1978, no início da abertura do país após o regime militar, e o segundo no ano 2000, com alguns resquícios e revisões do regime ditatorial. O fio condutor é a vida de um homem, aparentemente indigente, que foi preso sem maiores provas no período final da ditadura e, vinte anos depois, sairá da prisão pelo trabalho de um defensor público. Nosso protagonista não tem nome ou identidade e parece ter sofrido um trauma muito grande. Sujo, desorientado e vivendo nas ruas há semanas, este homem vai se entregar à polícia por um crime que acredita ter cometido. O seu encarceramento é físico e psicológico. Durante os vinte e dois anos em que permanece preso, ele luta para descobrir a própria identidade e descobre uma saída na escrita. No calor dos dias, vai forjar com cuidado o seu próprio romance que terá como modelo uma das primeiras novelas de Dostoiévski, A dona da casa. Perdido entre sua triste realidade e a ficção do escritor russo, este encarcerado tentará avivar sua memória para investigar o seu passado e reconstruir o crime que imagina ter cometido. Cabe ao leitor unir os fios que ligam a vida deste escritor maduro e atordoado do ano 2000 à existência do jovem sonhador e estudante de letras que viveu em meio às agitações, enchentes e movimentos de 1978.
A bengala de Chaplin
R$14,90A bengala de Chaplin é um trabalho da imaginação. Todo personagem e eventos são fictícios. Nenhuma semelhança com pessoas reais é intencional ou deve ser deduzida – uma leitura surpreendente, intensa e criativa em torno do desaparecimento da bengala da estátua de Charlie Chaplin na pacata, pequena e charmosa cidade de Vevey, na beira do lago Léman, na Suíça.
Esse mistério serve como pretexto para a criação de uma estrutura (exercícios, observações, variantes, notas, indicações em imperativo) que banha-se em métodos investigativos. O pulo do gato está no método que, em vez de coagir o objeto – ou de fixar a deambulação – permite justamente uma experimentação radical e plena de variações de velocidade.
Se o livro pudesse ser desenhado seria provavelmente formado por algumas linhas retas e várias pequenas formas ao redor delas. A busca de estrutura dá alcance ao livro, o motor/máquina de sua escrita move-se em linhas sutis, finas, alegres e venenosas. Encantadoras e traidoras. Entre feitiços e desencantos, Jackson, o personagem principal perde-se amargo e doce nos seus amores de cidades: Paris, Lausanne, Lisboa, Madrid e, sobretudo, nos ventos do Sul do mundo e de sua lha de Santa Catarina natal: de onde ele vem e que por onde vai, como uma bengala roubada…
A bengala de Chaplin revela-se um labirinto de jogos narrativos em que a linha entre diferentes estilos literários estreita-se até o infinito.
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