Coletânea de poemas escritos entre 2008 e 2015, período no qual o poeta personagem usou experiências pessoais – solidão, divórcio, depressão, bebedeiras, homoerotismo etc. – como desculpa para escrever sobre o que considera ser uma condição do homem contemporâneo: um ser permanentemente em fuga de si mesmo. Fuga duplamente impossível, porque, desde já, configura também um retorno, mas um retorno sem objeto. Imerso nessa condição absurda, o poeta personagem não deixa, porém, de entrever os momentos de beleza que, raros mas insistentes, contaminam o caos da vida mundana.
Uma trincheira entre o mar e os paralelepípedos
R$9,90As apresentações são sempre de grandes dificuldades: pressupõem a mediação do outro sobre o objeto de forma escancarada, e com ele os juízos de valor, o gosto, a formação e a trajetória. Fica a encargo do outro, mostrar ou não, e quais e como são os cômodos da casa, o que vai pra debaixo do tapete e qual será o bibelô da mesinha de centro da sala.
Não se pode negar a inevitável parcialidade que todos nós leitores temos, mas cá está tentando-se configurar a apresentação do presente livro. Dividido em seis distintas partes, basicamente ordenadas pelo próprio cotidiano e o esgarçar da vida atuam dentro daquilo que se denomina por novíssima literatura brasileira marcada pela presença dos elementos do cotidiano, abandono da pesquisa antropológica, produção individual, bem como a circulação em circuitos menores que abandonam, negam e debocham da “Sagração Acadêmica”, centrando-se no correr da própria vida, das relações e circunstancias.
São os espólios do cotidiano, assinalados pelo próprio autor que se fazem presentes nas páginas a seguir: escrever e ser lido torna-se a experiência performática, o lançamento ao mundo, a sedimentação lírica da vida moderna que se projeta, se debate e se quer contínua. Já diziam os marujos que tatuavam andorinhas a cada mil léguas percorridas: al mare!
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