Fazer um bom e-book ilustrado, partindo de um impresso já existente, exige soluções inventivas no projeto gráfico
Livros de cozinha são um ótimo desafio: dependem muito do visual e costumam ter projetos gráficos bastante complexos. Selecionei alguns exemplos da nossa experiência com os livros do selo Panelinha, da Rita Lobo, que fizemos para a editora Senac.
A escolha não é gratuita. Tendo na bagagem a criação de muitos livros ilustrados impressos ao longo dos anos e, mais recentemente, a culinária como meu grande hobby, coordenar esse projeto foi um prazer.
Alguns pontos que irei apresentar:
- Texto sobre imagem: vale a pena manter?
- Tabelas: funcionam no e-book?
- Página-box de destaque: é possível usar esse recurso gráfico no digital
- Links: a praticidade do e-book
- Fotos: a melhor visualização
Como não usaremos o layout fixo (que reproduz 100% o impresso, mas perde uma série de recursos do e-book, como a praticidade da boa visualização dos textos), o primeiro passo é pensar que esse conteúdo que estava lá paradinho na sua respectiva página no impresso vai fluir pelo celular ou e-reader ao gosto do leitor, que pode escolher o tamanho da fonte que vai visualizar. Daí ser preciso pensar na melhor visualização do conteúdo de tabelas, imagens, número de colunas, além da escolha de fontes tipográficas e cores. Tudo isso mantendo a identidade do livro original.
Texto sobre imagem
Na abertura de cada capítulo havia uma imagem com título e texto sobrepostos.
Na versão digital os elementos foram desmembrados: o título foi mantido com a imagem e o texto ganhou destaque em outra “página”. Dessa forma mantivemos o design e a boa leitura do texto. Ao optarmos em tirar o texto da imagem (repetindo o título), garantimos que a ferramenta de busca do e-book funcione nesse conteúdo.
Tabelas
As tabelas com muitas colunas ou linhas que organizam as informações no impresso, geram problemas de visualização se forem simplesmente transportadas para o e-book tal qual está no original.
Quando pensamos nas melhores soluções para o livro digital, pensamos no leitor de mobile, hoje a grande maioria. Assim, optamos por organizar de uma outra forma esse conteúdo, abandonando completamente a formatação como tabela.
Página-box destaque
Como já falamos, no e-book o conteúdo flui. Daí ser impossível reproduzir essa bela página-box destaque. Em vez de tentar uma solução parecida que jamais teria o mesmo efeito, decidimos por uma fonte diferente da do resto do livro e o uso da cor no título com as mesmas tarjas do original impresso.
Links
Nada como poder assistir a um vídeo ilustrando o ponto certo de uma etapa ou mesmo um passo a passo resumido no meio do livro. E quando a receita parte de uma outra receita do livro e podemos acessá-la com um simples toque? Aqui, a vantagem é toda do digital! 😉
Fotos
Os recursos disponíveis para o e-book permitem uma visualização adaptada ao formato da sua tela. Além disso, é possível ampliar imagens para conferir detalhes.
Para um livro com muitas fotos e a preocupação de não interromper a sequência da leitura, uma boa solução é usar uma galeria de fotos. A edição digital pode ter mais fotos que o impresso e o custo de produção do livro é, ainda assim, bem mais baixo.
Conclusão
Adaptar o projeto de livro impresso para o digital é repensar a leitura para um novo jeito de se ler. É preciso dominar as técnicas de programação, sim, mas a sensibilidade que o design traz para a harmonia e a organização das informações ainda são decisivas para que se tenha uma ótima experiência de leitura.
Até a próxima.
AC Espilotro
Designer e responsável pela qualidade de produto da e-galáxia
Rosilene
Parabens!!!!