Coletânea de poemas escritos entre 2008 e 2015, período no qual o poeta personagem usou experiências pessoais – solidão, divórcio, depressão, bebedeiras, homoerotismo etc. – como desculpa para escrever sobre o que considera ser uma condição do homem contemporâneo: um ser permanentemente em fuga de si mesmo. Fuga duplamente impossível, porque, desde já, configura também um retorno, mas um retorno sem objeto. Imerso nessa condição absurda, o poeta personagem não deixa, porém, de entrever os momentos de beleza que, raros mas insistentes, contaminam o caos da vida mundana.
A música muito além do instrumento
R$0,00Antologia de poetas da língua portuguesa? Poema lúdico? Poema-colagem?
São várias as possibilidades de leitura deste poema de apropriações que cita os nomes centrais de uma possível antologia. Mas, se por um lado o gesto de Bonvicino não apaga as autorias dos textos dos quais se apropria, bem como seus núcleos de significados, por outro cria novos sentidos para eles. O resultado, paradoxalmente, é um texto autoral.
O título do livro, também ele uma apropriação de um verso de Henriqueta Lisboa, talvez seja a chave para esse enigmático poema daquele que foi considerado pelo crítico Alcir Pécora como um dos maiores poetas brasileiros vivos.
Ouçamos então a música de Régis Bonvicino para muito além do(s) instrument(s).
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