“O escritor Rafael Sperling é sem noção, digo desde logo. Para você ter ideia, este Um homem burro morreu é seu segundo livro de contos. Isso mesmo, um livro de contos contemporâneo e brasileiro – onde já se viu? Todo mundo sabe que conto não vende, que quase ninguém lê conto nesse país e que são poucos os prêmios para contistas… Ainda assim, Sperling dá uma de criança travessa e vem com este livro. É mole? Não espere o realismo social, a autoficção e a exploração dos universos íntimos que predominam nas publicações atuais: além de sem noção, Sperling é abusado. Investe no experimentalismo e dialoga com as vanguardas dos anos 20 e 30. Em 27 narrativas breves, mistura sarcasmo com elementos grotescos e nonsense, embalados por uma linguagem coloquial que remete ao cinema, ao roteiro de TV, à publicidade, à dramaturgia, à musica e à poesia. Esse hibridismo de formas, por sinal, é marca de Sperling: o incauto leitor é conduzido por seu reino literário subterrâneo, onde há espaço de sobra para a ultra-violência, a sexualidade agressiva, o absurdo cotidiano e a aniquilação. Seja através de Caetano Veloso se preparando para atravessar uma rua do Leblon ou de histórias nada sutis contadas por uma babá, Rafael Sperling parte do normal, do ordinário para chegar ao seu bizarro universo simbólico, onde as ações despropositadas e aparentemente vazias de seus personagens ganham contornos de crítica social. A violência quase sempre está presente, provocando o leitor mais recatado. Rafael Sperling é um autor sem noção, abusado e provocativo. Por isso tudo, nesses tempos de mesmice, um autor necessário.” (Raphael Montes)
Profissão: poeta
R$14,90Oito longas entrevistas com o poeta Armando Freitas Filho cobrindo um período de 15 anos estão no centro deste livro. Nas margens: uma seleção de poemas organizada pelo próprio Armando e um perfil biográfico do poeta escrito por Francesca Angiolillo.Porta de entrada para o universo poético e íntimo de um dos nomes centrais da poesia moderna brasileira. Labirinto da mente e do coração do artista.Prevendo a tentação de oferecermos este livro como uma espécie de “Armando por ele mesmo”, o poeta avisa: “Não se fie muito em quem introduz o seu próprio conteúdo nesses tempos contaminados e perigosos.” Fica o convite para que o leitor se arrisque nessas páginas de registros e tempos múltiplos.
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