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Entre obras autopublicadas está a trilogia de sucesso Cinquenta tons de cinza. Isso mesmo: antes de ser publicada por uma editora, E. L. James a autopublicou em e-book e impressão sob demanda.

A tecnologia vem potencializando transformações no processo de publicação, mais especificamente na criação e na produção editorial de obras. Um exemplo claro dessas transformações é a autopublicação que, muito embora não seja uma prática nova e nem mesmo originada na era digital, foi impulsionada e segue crescendo paralelamente ao consumo e à produção de livros.

Praticada há muito tempo, a publicação independente, ou autopublicação, tem uma longa história de altos e baixos. Se tivéssemos que contá-la teríamos que retornar aos tempos de Gutemberg. Basta-nos nesse momento retornar a 1855, quando Walt Whitman levou sua desconhecida obra Folhas de Relva para uma gráfica local e publicou alguns exemplares com dinheiro do próprio bolso, distribuindo-a a alguns conhecidos. A história de Whitman, na verdade, não é um fato isolado. Muitos outros escritores que ajudaram a construir nossa tradição literária fizeram o mesmo, como Ezra Pound e Virginia Woolf.

Na categoria best-seller, sobretudo, a autopublicação possui um apelo enorme, tendo como exemplo mais famoso a trilogia Cinquenta tons de cinza

Hoje a autopublicação se configura como uma das principais opções para aqueles que procuram publicar sua primeira obra, independentemente do gênero ao qual ela pertença. Na categoria best-seller, sobretudo, a autopublicação possui um apelo enorme, tendo como exemplo mais famoso a trilogia 50 Tons de Cinza. Só esse ano, algumas listas de livros mais vendidos como a do New York TimesUSA Today e Digital Book World foram compostas inúmeras vezes por obras autopublicadas.

Atualmente muitas editoras procuram selecionar seus próximos títulos não somente em pilhas de manuscritos, mas também entre obras autopublicadas. Um livro bem produzido e bem-sucedido é muitas vezes um melhor cartão de visita do que um email enviado a um editor ou agente.

Conscientes do estigma de falta de qualidade em torno da autopublicação e em busca de alta qualidade editorial que se iguale às das obras produzidas por editoras, escritores que optam pela autopublicação invariavelmente buscam os serviços de profissionais da área, contratando-os individualmente

O que se projeta no cenário editorial é uma diminuição progressiva das diferenças até a total fusão dos meios de publicação. É certo que a autopublicação está se legitimando como forma de publicação e não é mais possível de ser ignorada. Se você ainda não leu uma obra autopublicada, certamente o fará em breve, talvez sem perceber.

Por Tecia Vailati
Extraído do texto Autopublicação: do underground ao mainstream

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